Diagrama de Ishikawa: o que é e como usar na manutenção

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No universo da manutenção, seja no setor industrial, tecnológico ou de serviços, enfrentamos desafios diariamente. Esses desafios podem surgir na forma de falhas inesperadas, problemas recorrentes ou simplesmente na necessidade de melhorar a eficiência e a produtividade dos nossos processos. Enfrentá-los exige mais do que soluções paliativas; requer uma abordagem sistemática, focada na identificação e resolução das causas raiz desses problemas. É aqui que entra em cena o  MRO ou o Diagrama de Ishikawa, uma ferramenta valiosa que pode transformar a maneira como conduzimos a manutenção.

O que é o Diagrama de Ishikawa?

O Diagrama de Ishikawa, também conhecido como Diagrama de Causa e Efeito ou Diagrama Espinha de Peixe, é uma ferramenta visual desenvolvida na década de 1960 por Kaoru Ishikawa, engenheiro japonês especialista em controle de qualidade. Seu objetivo é facilitar a análise das causas de um problema específico, possibilitando sua resolução de maneira mais eficaz e eficiente.

Na essência, o Diagrama de Ishikawa é um gráfico em forma de espinha de peixe. No centro desse gráfico está o problema a ser analisado, chamado de “efeito”. As linhas que se ramificam da linha central representam as diferentes “causas” potenciais que podem ter contribuído para o problema. Essas causas podem ser ainda detalhadas em “subcausas”, permitindo uma investigação aprofundada de todas as possíveis origens do problema.

Benefícios do Diagrama de Ishikawa na manutenção

A aplicação do Diagrama de Ishikawa na gestão da manutenção industrial pode trazer uma série de benefícios relevantes:

  • Identificação da causa raiz: a ferramenta possibilita explorar e detalhar as causas subjacentes dos problemas de manutenção.

  • Estímulo ao pensamento analítico: ao incentivar uma abordagem sistemática e aprofundada, o diagrama promove a análise crítica.

  • Melhoria da comunicação: ao visualizar causas e subcausas de um problema, facilita o entendimento e a troca de informações entre as partes envolvidas.

  • Prevenção de problemas futuros: ao permitir identificar e corrigir as causas raiz, ajuda a evitar novas ocorrências, aumentando a eficiência e reduzindo custos no longo prazo.

Aplicação do Diagrama de Ishikawa na manutenção

Para aplicar o Diagrama de Ishikawa na manutenção, siga estes passos:

  1. Defina o problema: antes de começar a identificar as causas, é essencial ter uma compreensão clara do problema. Essa definição deve ser específica e mensurável.

  2. Identifique as categorias de causas: são áreas gerais nas quais as causas do problema podem se enquadrar. Normalmente incluem “Mão de Obra”, “Materiais”, “Métodos”, “Máquinas” e “Meio Ambiente”.

  3. Liste as possíveis causas: dentro de cada categoria, registre todas as possíveis causas do problema. Esse processo deve ser colaborativo e envolver todas as partes interessadas para garantir que nenhuma causa potencial seja ignorada.

  4. Detalhe as causas em subcausas: para cada causa identificada, aprofunde ainda mais, desdobrando em subcausas. Esse passo permite chegar mais próximo da causa raiz.

  5. Realize uma análise aprofundada: após listar todas as causas e subcausas, analise quais são as mais prováveis ou críticas. Isso pode exigir coleta de dados, testes ou consulta com especialistas.

  6. Desenvolva e implemente soluções: com as causas raiz identificadas, crie e coloque em prática soluções. Lembre-se: o objetivo é melhorar a eficiência e a eficácia da manutenção, atuando sobre as origens do problema, e não apenas nos sintomas.

Ao implementar o Diagrama de Ishikawa em seus processos de manutenção, você não apenas aumenta a eficácia na resolução de problemas, como também estabelece as bases para um modelo de manutenção mais proativo e preventivo

Os 6Ms do Diagrama de Ishikawa na manutenção industrial

Os 6Ms do Diagrama de Ishikawa, também conhecidos como os seis grandes fatores de causa, são uma forma prática de identificar e organizar as origens de falhas e ineficiências na manutenção industrial. Essa metodologia ajuda equipes a compreender de forma sistêmica os motivos por trás de um problema, promovendo ações corretivas mais precisas e eficazes.

Na manutenção, os 6Ms representam as seguintes categorias:

  • Mão de Obra (Man)
    Refere-se às pessoas envolvidas no processo de manutenção. Erros humanos, falta de treinamento ou comunicação ineficiente podem gerar falhas e retrabalhos.

  • Máquina (Machine)
    Engloba todos os equipamentos, ferramentas e dispositivos utilizados. Desgaste, falta de calibração e manutenção preventiva inadequada são causas comuns nessa categoria.

  • Método (Method)
    Está relacionado aos procedimentos adotados. Processos mal definidos ou ausência de padronização comprometem a qualidade das intervenções.

  • Material (Material)
    Trata-se dos insumos usados na manutenção, como lubrificantes, peças de reposição e componentes. Materiais de baixa qualidade ou fora de especificação podem reduzir a vida útil dos equipamentos.

    Medição (Measurement)
    Diz respeito aos instrumentos e técnicas de medição aplicados. Dados incorretos ou ausência de indicadores confiáveis afetam a tomada de decisão e o controle de desempenho.

  • Meio Ambiente (Mother Nature)
    Inclui fatores externos como temperatura, umidade, vibrações, poeira ou iluminação inadequada, que podem interferir no desempenho de máquinas e pessoas.

Ao aplicar os 6Ms na manutenção industrial, a equipe consegue visualizar todas as possíveis origens de um problema, seja uma falha em um equipamento crítico ou um desvio recorrente em processos de inspeção. O resultado é uma análise de causa raiz mais completa, que permite priorizar ações e reduzir o tempo de parada.

Passo a passo: como criar um Diagrama de Ishikawa eficaz

Veja um passo a passo prático para aplicar essa ferramenta na sua operação:

  1. Defina claramente o problema
    Comece descrevendo o problema central de forma objetiva, por exemplo: “Alta taxa de falhas no motor da bomba hidráulica.”
    Esse será o efeito, posicionado na “cabeça do peixe”, enquanto as causas ficarão nos “ossos”.

  2. Reúna a equipe de manutenção
    Envolva técnicos, engenheiros e operadores. Cada profissional traz uma perspectiva valiosa sobre possíveis causas e condições do problema.

  3. Escolha as categorias de causa (6Ms)
    Utilize os 6MsMão de obra, Máquina, Método, Material, Medição e Meio ambiente — como ramos principais do diagrama. Isso ajuda a garantir uma análise completa.

  4. Liste as causas possíveis em cada categoria
    Sob cada “M”, adicione fatores específicos.
    • Máquina: falha no rolamento, lubrificação insuficiente, sensores defeituosos.
    • Método: ausência de plano de manutenção, ordens de serviço incompletas.
    • Mão de obra: falta de treinamento, erro operacional, comunicação falha.

  5. Priorize causas com maior impacto
    Após listar tudo, analise quais causas são mais prováveis ou frequentes. Use ferramentas como os 5 Porquês ou o Diagrama de Pareto para refinar a investigação.

  6. Desenvolva e implemente ações corretivas
    Transforme as causas principais em planos de ação estruturados. Por exemplo: criar uma rotina de calibração, revisar procedimentos, reforçar treinamentos ou adotar sensores IoT para monitoramento automático.

  7. Revise e atualize o diagrama
    Após implementar as ações, monitore os resultados e atualize o diagrama conforme novos dados forem surgindo. O Ishikawa é uma ferramenta viva, parte da melhoria contínua.

 Dica: o uso de um software de gestão de manutenção (CMMS) facilita todo esse processo, do registro das causas até o acompanhamento dos planos de ação e métricas de desempenho.

 

Ferramentas Complementares ao Diagrama de Ishikawa

O Diagrama de Ishikawa é extremamente eficaz para organizar as causas de um problema, mas seus resultados são ainda mais consistentes quando combinado com outras ferramentas de qualidade e manutenção. Veja as principais ferramentas que complementam o uso do diagrama:

  1. Os 5 Porquês
    Essa técnica simples consiste em questionar “por quê?” repetidamente (geralmente cinco vezes) até chegar à causa raiz de um problema. É uma excelente forma de aprofundar a análise após identificar causas no Ishikawa.

  2. Diagrama de Pareto (80/20)
    Permite visualizar quais causas geram a maior parte dos efeitos. Aplicando o princípio de Pareto, a equipe foca nas causas que realmente impactam o desempenho e evita dispersar esforços em fatores de menor relevância.

  3. Brainstorming estruturado
    Antes de preencher o diagrama, o brainstorming guiado ajuda a gerar ideias sem julgamentos, garantindo que todas as possíveis causas sejam consideradas. Essa etapa é essencial para evitar vieses individuais.

  4. Matriz GUT (Gravidade, Urgência e Tendência)
    Usada para priorizar ações corretivas com base na gravidade do problema, na urgência da solução e na tendência de piora caso nada seja feito. Pode ser aplicada logo após a identificação das causas principais.

  5. PDCA (Planejar, Executar, Checar e Agir)
    O ciclo PDCA é ideal para transformar as causas identificadas em planos de melhoria contínua. Ele garante que as soluções propostas sejam implementadas, avaliadas e aperfeiçoadas de forma sistemática.

Essas ferramentas, quando aplicadas em conjunto com o Diagrama de Ishikawa, fortalecem a gestão da manutenção baseada em evidências, tornando a análise mais precisa e o processo de decisão mais confiável.

Integração com tecnologias modernas de manutenção

O uso do Diagrama de Ishikawa evoluiu junto com a transformação digital da manutenção industrial. Hoje, é possível integrar essa ferramenta tradicional com tecnologias inteligentes que ampliam sua precisão e tornam a análise de causas mais ágil e confiável.

Entre as principais inovações aplicadas à manutenção, destacam-se:

  1. Softwares de gestão de manutenção (CMMS e EAM)
    Soluções como o Fracttal One permitem registrar causas de falhas, relacionar ordens de serviço e acompanhar planos de ação de forma centralizada. Além disso, o histórico de dados facilita identificar padrões recorrentes de falha, acelerando a criação do diagrama.

  2. Sensores IoT e monitoramento em tempo real
    Sensores instalados em máquinas capturam dados de vibração, temperatura, pressão e consumo de energia, possibilitando uma análise precisa das condições operacionais. Esses dados podem alimentar automaticamente os ramos do Ishikawa, com causas baseadas em medições reais.

  3. Inteligência Artificial e análise preditiva
    Modelos de IA aplicados à manutenção conseguem detectar anomalias antes que se tornem falhas e até sugerir possíveis causas. Ao cruzar dados de desempenho e histórico de falhas, essas ferramentas ajudam a validar ou eliminar hipóteses levantadas no diagrama.

  4. Dashboards e relatórios automatizados
    A visualização dos resultados em painéis dinâmicos simplifica o acompanhamento de indicadores de desempenho, como tempo médio entre falhas (MTBF) e tempo médio para reparo (MTTR). Assim, é possível medir com precisão o impacto das ações corretivas geradas a partir do Ishikawa.

Integrar o Diagrama de Ishikawa a essas tecnologias significa transformar uma ferramenta de diagnóstico em um sistema inteligente de melhoria contínua, capaz de antecipar falhas, reduzir custos e aumentar a confiabilidade dos ativos.

Exemplos práticos do Diagrama de Ishikawa na indústria

Para ilustrar o uso do Diagrama de Ishikawa na manutenção industrial, veja alguns exemplos hipotéticos que demonstram como a ferramenta pode ser aplicada para resolver falhas e otimizar processos:

  • Falhas recorrentes em bombas hidráulicas: ao aplicar o Ishikawa, a equipe identificou causas ligadas à lubrificação inadequada (Máquina), ausência de inspeções regulares (Método) e treinamento insuficiente dos técnicos (Mão de obra). Após corrigir esses pontos, as paradas não programadas foram reduzidas.

  • Baixa eficiência em uma linha de montagem: o diagrama revelou problemas em materiais fora de especificação (Material), sensores descalibrados (Medição) e excesso de calor no ambiente de trabalho (Meio ambiente). A revisão de fornecedores e o controle climático restabeleceram a produtividade.

  • Erros em medições de equipamentos rotativos: a análise apontou instrumentos obsoletos (Medição) e falta de padronização dos procedimentos (Método). Com a atualização dos equipamentos e a padronização das rotinas, a confiabilidade das medições aumentou significativamente.

Esses exemplos mostram como o Diagrama de Ishikawa permite visualizar e eliminar causas raiz de falhas, promovendo melhorias contínuas em desempenho, segurança e eficiência operacional.

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