O rompimento de barragens está entre os desastres ambientais mais graves e devastadores que podem ocorrer. Além das perdas humanas irreparáveis, esses eventos deixam impactos duradouros no solo, na água, na fauna, na flora e na economia das regiões afetadas.
Embora enchentes e fatores climáticos extremos possam agravar riscos, estudos mostram que a grande maioria dos colapsos de barragens no Brasil e no mundo ocorre por falhas evitáveis, muitas delas relacionadas à ausência de manutenção, monitoramento insuficiente e gestão inadequada da infraestrutura.
Desastres como Brumadinho, Mariana, Algodões I e Camará revelam um padrão repetitivo: sinais de instabilidade geralmente existem meses ou anos antes do rompimento, mas permanecem sem tratamento por falta de inspeção contínua, falhas de comunicação ou ausência de planos estruturados de manutenção preventiva.
Neste conteúdo, mostramos as principais causas desses desastres ambientais e como a tecnologia pode ajudar a preveni-los.
6 principais causas de rompimento de barragens e desastres ambientais
O colapso de barragens é resultado de uma combinação de fatores estruturais, operacionais e ambientais. Entretanto, um estudo global recente sobre falhas em barragens concluiu que “fatores relacionados ao ser humano, como gestão, operação, manutenção, são as causas predominantes de falhas” no século XXI. Entre as causas mais recorrentes, destacam-se:
1. Falta de manutenção preventiva
A maioria dos acidentes ocorre porque pequenos defeitos estruturais, como erosões, infiltrações, trincas, problemas em drenos ou taludes, não são corrigidos a tempo. Sem manutenção periódica, essas falhas evoluem silenciosamente até comprometer toda a barragem.
2. Monitoramento insuficiente ou inoperante
Sensores desligados, leituras desatualizadas e ausência de inspeções regulares deixam de revelar mudanças críticas no comportamento da estrutura, como movimentações anormais, deslocamentos ou aumento de pressão interna.
3. Chuvas extremas associadas a estruturas fragilizadas
Eventos climáticos intensos podem acelerar processos de erosão ou infiltração. Quando a barragem já apresenta problemas não tratados, o risco de rompimento aumenta drasticamente.
4. Projeto inadequado ou execução deficiente
Embora seja menos comum do que as falhas operacionais, algumas barragens possuem dimensionamento incorreto, materiais inadequados ou sistemas de drenagem mal concebidos. Porém, mesmo nesses casos, a manutenção e o monitoramento constante são capazes de reduzir significativamente o risco.
5. Operação fora dos limites de segurança
Elevação não planejada do nível do reservatório, aumento de carga sobre o maciço ou deposição excessiva de rejeitos podem levar a esforços acima dos limites previstos no projeto original.
6. Envelhecimento natural da estrutura
Barragens antigas, sem retrofit ou modernização, tendem a apresentar deterioração de materiais, corrosão e obsolescência de equipamentos críticos, exigindo ainda mais monitoramento técnico.
Desastres ambientais causados pela falta de manutenção e monitoramento em barragens
A história recente do Brasil mostra que a falta de manutenção, inspeção inadequada e falhas no monitoramento têm sido fatores decisivos em diversos desastres ambientais envolvendo barragens.
Esses eventos expõem vulnerabilidades estruturais graves e reforçam como a ausência de gestão preventiva pode resultar em perdas humanas, danos ambientais irreversíveis e prejuízos econômicos bilionários.
Brumadinho (2019)
O rompimento da Barragem B1, da Vale, liberou 12 milhões de m³ de rejeitos, deixando 270 mortos. Investigações posteriores mostraram inconsistências no monitoramento, falta de ações corretivas diante de alertas e registros ignorados sobre estabilidade crítica, um cenário que poderia ter sido prevenido com gestão adequada.
Mariana – Bento Rodrigues (2015)
A ruptura da barragem de Fundão, da Samarco, liberou 39 milhões de m³ de rejeitos e devastou 600 km de rios até o litoral do Espírito Santo. Relatórios oficiais apontaram falhas de drenagem, deformações não corrigidas, e ausência de manutenção adequada na estrutura interna, além de monitoramento insuficiente, especialmente após eventos de intensa chuva.
Barragem de Algodões I – PI (2009)
A barragem se rompeu após anos sem manutenção adequada e com relatórios que já indicavam infiltrações e erosões progressivas no maciço. O acidente deixou centenas de desabrigados e evidenciou falhas graves na gestão pública do ativo.
Barragem de Camará – PB (2004)
Outro caso emblemático: a estrutura rompeu após chuvas fortes, mas investigações concluíram que o colapso foi agravado pela ausência de inspeções regulares, falhas não tratadas e sistemas de monitoramento inoperantes.
Barragens do Nordeste classificadas como de “alto risco”
Quase 1 milhão de pessoas vivem próximas a barragens com risco elevado, muitas com trincas, infiltrações, estruturas corroídas e sem planos de manutenção atualizados. Segundo engenheiros do Confea, a falta de manutenção é o maior problema na segurança dessas estruturas, superior até mesmo aos erros de projeto.
Esses eventos demonstram que barragens não colapsam “de repente”: os sinais aparecem antes, infiltrações, movimentações, deformações, falhas em instrumentos de leitura, alertas não investigados. Quando não há manutenção, inspeção sistemática e monitoramento contínuo, esses sinais passam despercebidos.
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Medidas para prevenir desastres ambientais em barragens
A prevenção de desastres ambientais em barragens depende de uma combinação de engenharia, gestão estruturada e disciplina operacional.
A base da segurança está em transformar manutenção, inspeções e monitoramento em rotinas sistemáticas, não em ações emergenciais. Para isso, as barragens precisam de um plano de segurança atualizado, inspeções regulares, avaliações de riscos, estudos de estabilidade e monitoramento instrumental contínuo para identificar qualquer alteração no comportamento da estrutura.
Medidas como limpeza e manutenção de sistemas de drenagem, verificação de vertedouros, correção de fissuras, controle de erosões internas, revisão de alteamentos e análise estratificada do maciço são fundamentais para garantir a integridade da barragem.
Além disso, o monitoramento em tempo real de indicadores críticos, como nível da água, deslocamentos, pressão interna e infiltrações, permite detectar anomalias antes que evoluam para um rompimento. Complementam esse conjunto o treinamento das equipes, a organização documental e a existência de planos de emergência e alerta para proteger populações a jusante.
Quando essas medidas são aplicadas de forma integrada, o risco de rompimento diminui drasticamente, reforçando a capacidade da operação de evitar desastres ambientais.
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Papel da Fracttal na gestão de barragens e prevenção de desastres
A gestão de barragens exige controle rigoroso sobre ativos, inspeções, prazos, históricos e parâmetros críticos de operação. É justamente nesse ponto que a Fracttal fortalece a prevenção de desastres ambientais: ao digitalizar processos, automatizar rotinas de manutenção e centralizar todas as informações essenciais da estrutura em uma única plataforma.
Com o Fracttal One, equipes responsáveis por barragens conseguem programar inspeções obrigatórias, registrar ocorrências em campo, anexar laudos, organizar certificados e acompanhar o ciclo de vida completo de cada componente da estrutura, da drenagem aos instrumentos de medição. A plataforma também evita falhas humanas ao gerar alertas automáticos para atividades atrasadas, relatórios pendentes ou anomalias identificadas.
Quando integrada ao Fracttal Sense, a gestão se torna ainda mais robusta, permitindo monitoramento contínuo de variáveis críticas e detecção precoce de desvios estruturais. Esses dados alimentam análises, geram ordens de serviço automaticamente e auxiliam as equipes a intervir antes que o problema avance.
Ao transformar manutenção e monitoramento em um fluxo inteligente e conectado, a Fracttal ajuda organizações a reduzir riscos, garantir conformidade com normas de segurança e evitar desastres ambientais que poderiam ser prevenidos com gestão adequada.
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