Na rotina de manutenção, um dos maiores desafios é decidir o que deve ser feito primeiro. Equipamentos críticos, manutenções atrasadas, chamados urgentes, falhas recorrentes, quando tudo parece importante, fica difícil saber por onde começar.
É justamente para resolver esse problema que existe a Matriz GUT, uma ferramenta clássica de priorização que ajuda equipes de manutenção a organizarem demandas com base em critérios objetivos.
Neste conteúdo, você vai entender como funciona a Matriz GUT, como construir a sua, exemplos práticos na manutenção industrial e como essa metodologia se integra a soluções digitais potencializando resultados.
O que é a Matriz GUT?
A Matriz GUT é uma ferramenta de priorização criada por Charles H. Kepner e Benjamin B. Tregoe na década de 1980, com o objetivo de ajudar empresas a tomar decisões mais assertivas diante de problemas complexos.
O nome “GUT” vem dos três critérios avaliados durante a análise:
Gravidade (G)
Avalia o impacto do problema caso nenhuma ação seja tomada. Quanto maior o dano possível ao processo, operação, pessoas ou ao ativo, maior deve ser a nota atribuída.
Urgência (U)
Representa o tempo disponível para resolver o problema. Quanto menor o prazo e maior a necessidade de ação imediata, maior o nível de urgência.
Tendência (T)
Mede a probabilidade do problema piorar com o tempo. Aqui, considera-se se a situação tende a se agravar rapidamente, em médio prazo ou se permanecerá estável.
A lógica da Matriz GUT é simples: cada item recebe notas de 1 a 5 para os três critérios. Depois, multiplica-se G × U × T.
O resultado final representa a prioridade real daquela demanda, quanto maior o número, mais urgente e crítico é o problema.
Esse método é especialmente valioso na manutenção porque permite analisar falhas, ordens de serviço, riscos operacionais e intervenções pendentes com base em dados e não apenas em percepção ou pressão operacional.
Como construir uma Matriz GUT (passo a passo)
Construir uma Matriz GUT é simples na forma, mas exige cuidado na definição dos critérios e na atribuição das notas. A seguir, veja um passo a passo focado na realidade da manutenção.
1. Liste os problemas, riscos ou ordens de serviço
O primeiro passo é levantar tudo o que precisa ser analisado. Na prática, pode ser uma lista de:
- ordens de serviço em aberto
- falhas recorrentes em determinados ativos
- riscos identificados em inspeções
- backlog de manutenções preventivas ou corretivas
Organize esses itens em uma tabela, com cada problema em uma linha.
2. Defina os parâmetros de Gravidade, Urgência e Tendência
Antes de sair distribuindo notas, é fundamental deixar claro o que significa cada pontuação de 1 a 5 para G, U e T no contexto da sua operação. Exemplo de referência que você pode adaptar:
Gravidade (G)
1: impacto leve, sem efeito relevante na operação
2: impacto pequeno, ainda controlável
3: impacto moderado, pode afetar desempenho ou qualidade
4: impacto alto, gera interrupções ou risco relevante
5: impacto crítico, com risco à segurança, ao meio ambiente ou grandes perdas financeiras
Urgência (U)
1: pode esperar, sem pressa para execução
2: importante, mas pode ser programado com calma
3: deve ser resolvido em breve
4: precisa de atenção rápida
5: exige ação imediata para evitar consequências graves
Tendência (T)
1: situação estável, não tende a piorar
2: pode piorar a longo prazo
3: pode piorar a médio prazo
4: tende a piorar em curto prazo
5: tende a piorar rapidamente se nada for feito
O ideal é documentar esses critérios em um procedimento interno ou instrução de trabalho para garantir consistência entre diferentes equipes e turnos.
3. Atribua as notas G, U e T para cada item
Com a tabela montada e os parâmetros definidos, a equipe avalia cada item da lista e atribui notas de 1 a 5 para Gravidade, Urgência e Tendência.
Boas práticas:
- envolver manutenção, operação e, quando fizer sentido, segurança e qualidade
- evitar decisões isoladas; a análise em grupo reduz vieses
- registrar justificativas quando houver dúvidas ou divergências
O resultado é uma tabela com colunas para Problema, G, U e T.
4. Calcule o índice de prioridade (G x U x T)
Depois de atribuir as notas, multiplique os três valores de cada linha. Exemplo simples:
- Problema: vazamento em linha de ar comprimido de equipamento crítico
- Gravidade = 4
- Urgência = 4
- Tendência = 3
Cálculo: 4 x 4 x 3 = 48
Essa pontuação será usada para comparar os problemas entre si. Quanto maior o resultado, maior a prioridade de ação.
5. Organize o ranking de prioridades
Com todos os índices calculados, ordene a tabela da maior para a menor pontuação. Esse ranking mostra com clareza:
- quais problemas devem ser tratados primeiro
- quais podem ser programados para janelas futuras
- quais podem aguardar sem grandes riscos
Em caso de empates, é possível usar critérios extras, como impacto em segurança, impacto na produção ou custo estimado da falha, para desempatar.
6. Transforme o ranking em plano de ação
Matriz GUT não é só um exercício de pontuação, é uma ferramenta para tomada de decisão. Por isso, o último passo é traduzir o ranking em:
- ordens de serviço priorizadas
- plano de manutenção com prazos definidos
- alocação de recursos (equipe, peças, janelas de parada)
- acompanhamento da execução e revisão periódica das notas
Quando esse fluxo é apoiado por um software de gestão de manutenção, como um CMMS, fica ainda mais fácil atualizar as notas, reordenar prioridades e acompanhar o status de cada ação ao longo do tempo.

3 exemplos práticos na manutenção industrial
A seguir estão exemplos comuns na indústria e como a ferramenta ajuda a direcionar ações de forma estruturada e objetiva.
Exemplo 1: Vazamento em tubulação de ar comprimido
Problema identificado durante uma inspeção de rotina: pequeno vazamento na linha principal de ar comprimido que abastece múltiplos equipamentos.
Avaliação GUT
- Gravidade: 4 (pode comprometer a produção e gerar desperdício de energia)
- Urgência: 3 (precisa ser tratado em breve para evitar maiores perdas)
- Tendência: 4 (o vazamento tende a aumentar rapidamente)
Pontuação: 4 × 3 × 4 = 48
Resultado: a intervenção entra como prioridade alta e deve ser programada em curto prazo.
Exemplo 2: Vibração anormal em motor elétrico crítico
Durante o monitoramento, o sensor registra vibração acima dos limites do fabricante.
Avaliação GUT
- Gravidade: 5 (risco de falha repentina e parada total da linha)
- Urgência: 5 (necessita ação imediata)
- Tendência: 4 (tende a piorar rapidamente)
Pontuação: 5 × 5 × 4 = 100
Resultado: prioridade máxima. A equipe de manutenção deve agir imediatamente, podendo até interromper outras atividades para mitigar o risco de falha crítica.
Exemplo 3: Preventiva atrasada em equipamento de baixa criticidade
Uma manutenção preventiva de rotina está atrasada há duas semanas, mas o equipamento tem impacto limitado na operação.
Avaliação GUT
- Gravidade: 2
- Urgência: 2
- Tendência: 2
Pontuação: 2 × 2 × 2 = 8
Resultado: prioridade baixa. Pode ser programada sem urgência e incluída no próximo ciclo de manutenção.
Como a Matriz GUT se integra com um CMMS
Aplicar a Matriz GUT manualmente já traz benefícios importantes para a priorização de tarefas. No entanto, quando essa metodologia é integrada a uma plataforma digital de gestão de manutenção, como a Fracttal, o ganho de eficiência, agilidade e precisão é exponencial.
A tecnologia elimina subjetividades, automatiza cálculos e transforma a análise GUT em um processo contínuo, inteligente e baseado em dados reais de operação.
O Fracttal One é o software de gestão de manutenção inteligente que ajuda equipes a priorizar tarefas, automatizar fluxos, acompanhar indicadores e prever falhas antes que elas aconteçam.
Se sua empresa quer melhorar o nível da manutenção, tornar processos mais eficientes e utilizar metodologias como a Matriz GUT de forma integrada e automatizada, o Fracttal One é o caminho.
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