A ISO/IEC 17025 é a principal referência internacional para comprovar a competência técnica de laboratórios de ensaio e calibração. Para quem atua em áreas industriais, metrológicas, de qualidade ou manutenção, entender essa norma é essencial, não apenas para conquistar a acreditação, mas para garantir resultados confiáveis, rastreáveis e alinhados às melhores práticas globais.
No contexto da manutenção, a ISO/IEC 17025 traz exigências claras sobre calibração, controle de equipamentos, rastreabilidade metrológica, registros e programas de verificação, impactando diretamente a rotina de gestão de ativos.
Este conteúdo explica o que a norma diz, como cumpri-la na prática e como os sistemas ajudam a automatizar e manter a conformidade.
O que é a ISO/IEC 17025?
A ISO/IEC 17025 é a norma que define os requisitos gerais para a competência de laboratórios de ensaio e calibração. Ela estabelece diretrizes para garantir que os resultados emitidos sejam tecnicamente válidos, imparciais e rastreáveis a padrões nacionais ou internacionais.
Ela abrange cinco grandes grupos de requisitos:
- Requisitos gerais: foco em imparcialidade, confidencialidade e independência.
- Requisitos estruturais: definição clara de responsabilidades, funções e organograma do laboratório.
- Requisitos de recursos: infraestrutura, ambiente, pessoal qualificado e equipamentos calibrados e mantidos adequadamente.
- Requisitos de processos: métodos de ensaio/calibração, rastreabilidade, validação, amostragem e tratamento de resultados.
- Requisitos do sistema de gestão: controle documental, ações corretivas, auditorias internas, gestão de riscos e melhoria contínua.
Para a manutenção e a metrologia, os pontos mais críticos estão nos recursos, especialmente:
- garantir que todos os equipamentos usados em medições estejam adequados, calibrados e registrados,
- implementar um programa sistemático de calibração e verificação,
- assegurar rastreabilidade metrológica completa, desde o padrão utilizado até o certificado emitido.
Principais requisitos da ISO/IEC 17025
1. Imparcialidade e confidencialidade
O laboratório deve operar de forma isenta, sem conflitos de interesse, garantindo que dados e resultados permaneçam protegidos e acessíveis apenas a pessoas autorizadas.
2. Estrutura organizacional
É necessário definir claramente funções, responsabilidades, autoridade técnica e fluxos de decisão. Isso assegura que apenas profissionais competentes atuem em atividades de ensaio e calibração.
3. Recursos e infraestrutura
A norma exige que o laboratório tenha:
- instalações e ambiente adequados (controle térmico, umidade e interferências externas);
- pessoal qualificado e treinado;
- equipamentos calibrados, mantidos e adequados ao uso pretendido;
- padrões de referência e materiais rastreáveis a padrões nacionais ou internacionais.
Esse requisito é um dos mais relevantes para a manutenção e metrologia, pois determina que a organização estabeleça critérios de seleção, aquisição, uso, controle, calibração, verificação intermediária e manutenção de todos os equipamentos críticos.
4. Processos de ensaio e calibração
Incluem os requisitos técnicos relacionados ao trabalho do laboratório:
- seleção e validação de métodos;
- rastreabilidade metrológica;
- amostragem e manuseio de itens;
- registro e tratamento de dados;
- emissão de relatórios e certificados.
A ISO/IEC 17025 exige que todo processo seja documentado e repetível, e que os resultados emitidos incluam informações completas, como incerteza de medição, condições do ensaio e rastreabilidade.
5. Sistema de gestão da qualidade
O laboratório deve manter um sistema que garanta a melhoria contínua, com:
- controle de documentos e registros;
- auditorias internas;
- ações corretivas;
- avaliação de riscos;
- análise crítica pela direção.
Mesmo laboratórios que optam pelo modelo simplificado da norma precisam demonstrar controle e evidências de que as atividades são monitoradas continuamente.
Como cumprir na prática as exigências de calibração e manutenção segundo a ISO/IEC 17025
A ISO/IEC 17025 estabelece requisitos rigorosos para garantir que equipamentos utilizados em medições, ensaios e calibrações ofereçam resultados confiáveis, rastreáveis e tecnicamente válidos. Para atender à norma, o laboratório deve estruturar um sistema completo de gestão metrológica, contemplando todo o ciclo de vida dos instrumentos.
A seguir, os principais pontos de conformidade.
1. Definir critérios de seleção e aceitação de equipamentos
A norma exige que todo equipamento seja adequado ao uso pretendido. Isso inclui:
- especificações compatíveis com o nível de precisão necessário;
- documentação técnica completa;
- avaliação prévia de riscos associados ao uso e à imprecisão;
- registro da entrada do equipamento no sistema de controle.
2. Implementar um programa de calibração periódico
A calibração deve seguir um plano formal, considerando:
- frequência baseada no uso, criticidade, histórico e recomendações do fabricante;
- execução por laboratórios competentes e, preferencialmente, acreditados (RBC/Inmetro);
- certificados contendo rastreabilidade, incerteza e condições ambientais.
A norma reforça que não basta calibrar: é preciso demonstrar que o intervalo escolhido é adequado e justificado tecnicamente.
3. Realizar verificações intermediárias
Entre uma calibração e outra, a ISO/IEC 17025 exige que o laboratório comprove que os instrumentos continuam dentro das especificações. Isso pode incluir:
- checagens rápidas com padrões de referência;
- testes comparativos;
- conferência de derivações;
- análises estatísticas de repetibilidade.
Todas as verificações devem ser registradas com data, responsável, método e resultados.
4. Garantir rastreabilidade metrológica completa
A rastreabilidade deve conectar cada medição a um padrão nacional ou internacional, incluindo:
- identificação do padrão usado nas calibrações;
- cadeia metrológica contínua (sem lacunas);
- documentos válidos e aprovados por laboratórios competentes;
- controle dos prazos de calibração dos próprios padrões.
Sem rastreabilidade, qualquer resultado é considerado não confiável pela norma.
5. Manter um programa documentado de manutenção
A norma exige que todos os equipamentos tenham um plano de manutenção claro, contendo:
- rotinas preventivas;
- intervenções corretivas;
- histórico completo do ciclo de vida;
- substituição de peças;
- avaliação de desempenho após manutenção.
O objetivo é garantir que a performance do instrumento permaneça estável ao longo do tempo.
6. Controlar documentos, registros e histórico dos equipamentos
A ISO/IEC 17025 exige registros atualizados sobre:
- identificação única do equipamento;
- datas de calibração e verificação;
- certificados anexos;
- local de uso e responsável;
- status atual (aprovado, reprovado, sob manutenção, fora de uso).
Manter essas informações organizadas é fundamental para as auditorias.
7. Agir imediatamente diante de resultados fora da especificação
Se um instrumento apresentar falha, deriva ou resultado incompatível, o laboratório deve:
- retirá-lo imediatamente de uso;
- revisar medições realizadas desde a última verificação;
- abrir ação corretiva;
- ajustar o plano de calibração se necessário.
A norma é clara: medições feitas com equipamento não conforme devem ser reavaliadas.
Como os sistemas digitais ajudam a automatizar e manter a conformidade com a ISO/IEC 17025
A conformidade com a ISO/IEC 17025 depende de controle total sobre calibrações, verificações intermediárias, rastreabilidade e histórico de manutenção.
Sistemas digitais de gestão tornam esse processo muito mais seguro e eficiente ao centralizar informações, registrar automaticamente cada intervenção e impedir falhas humanas, como prazos vencidos ou documentos desatualizados.
Além disso, plataformas especializadas garantem que todos os equipamentos tenham histórico técnico completo, certificados anexados, alertas de calibração programados e rastreabilidade metrológica preservada, facilitando auditorias e reduzindo não conformidades.
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